Busca por adolescente que criou nudes falsos de alunas com IA leva polícia a site na Europa

Polícia investiga uso de IA para criar 'nudes' falsos de alunas de escola particular A investigação da Polícia Civil que identificou o adolescente de 14 ano...

Polícia investiga uso de IA para criar 'nudes' falsos de alunas de escola particular A investigação da Polícia Civil que identificou o adolescente de 14 anos responsável por produzir imagens de nudez falsas com alunas de uma escola particular de Indaiatuba (SP) envolveu a notificação de um site baseado em Luxemburgo. Foi em um site do pequeno país europeu, distante 9,6 mil km de Indaiatuba, localizado entre Bélgica, Alemanha e França, que o jovem havia criado a página com as montagens de meninas que têm entre 13 e 18 anos - pelo menos 14 vítimas procuraram a Polícia Civil. Em dois meses, a partir da denúncia, o trabalho coordenado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) rastreou a origem e obteve a colaboração da empresa, mesmo com as imagens já deletadas, conseguindo informações sobre o e-mail utilizado para cadastro e os dados de IP. A partir desse ponto, a Polícia Civil requisitou informações ao Google e à operadora de celular. Com a empresa de tecnologia, foi identificado que o e-mail usado para criar o site havia sido excluído, e com a operadora, a DDM localizou dois endereços em Indaiatuba. Mandados de busca Segundo a delegada Fernanda Hetem, titular da DDM, o rastreio apontou dois imóveis praticamente vizinhos, e foram cumpridos mandados de busca e apreensão de forma simultânea. No entanto, a equipe identificou que apenas um adolescente estaria envolvido na ocorrência - ele teria utilizado o Wi-Fi da casa de uma amiga, que não sabia das montagens, e por isso o IP do imóvel foi identificado. O menor assumiu que fez tudo sozinho. "Fizemos o cumprimento dos mandados simultaneamente, até para um não avisar o outro, mas em um deles o adolescente já confessou que tinha sido ele, deu as razões dele. Ele mesmo admitiu, e disse que a menina da outra casa não sabia de nada. Os pais dele também não imaginavam que tinha sido ele", contou a delegada. O adolescente foi levado à delegacia, prestou declaração e foi liberado na presença dos pais. O celular do menor foi apreendido e será encaminhado à perícia. "Nessa perícia normalmente eles conseguem recuperar tudo que foi feito, mesmo que ele tenha apagado", ressalta Hetem. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o caso foi registrado como simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual. O caso será encaminhado agora à Vara da Infância e Juventude, que irá analisar sobre eventual cumprimento de medidas socioeducativas pelo adolescente. A delegada Fernanda Hetem, titular da DDM de Indaiatuba (SP), coordenou a investigação que identificou o adolescente responsável pelas montagens com "nudes" falsos de alunas com IA Fernando Evans/g1 'Ideia era punir ex-amigas' Segundo a delegada, o adolescente alegou que a ideia das montagens seria "punir ex-amigas". "Ele criou uma conta, um e-mail diferente, e na oitiva dele, disse que começou fazendo montagens de pessoas famosas, e que por uma questão relacionada a ex-escola, em que ele estudou com as vítimas e teria ficado com raiva pelo comportamento de três ex-amigas, resolveu fazer isso para puni-las", disse Hetem. O adolescente alegou ainda que para não chegarem diretamente a ele, o que seria mais fácil se fossem feitas apenas montagens com as ex-amigas, "ele acabou fazendo imagens de um monte de alunas". Alerta A delegada Fernanda Hetem aproveitou o caso para fazer um alerta sobre a exposição de adolescentes nas redes sociais e a necessidade de controle do uso por parte dos pais. "Uma imagem que você posta na internet, seja para mostrar que você está comendo um bolo, pode ser vista de outra maneira por homens adultos, pedófilos. Nesse caso, a montagem foi feita por um menor, mas a gente sabe que tem muita foto que cai na rede que são modificadas para conteúdo de abuso infantil. A gente tem que tomar cuidado com o que posta", diz. Os pais que têm filhos com celular ou acesso às redes sociais devem ter ciência das senhas e acompanhar os acessos. "Os pais do adolescente que fez a montagem não sabiam o que o filho estava postando. Então, a gente tem de estar sempre de olho nos nossos filhos", completa. LEIA TAMBÉM Delegada da PF alerta sobre riscos de expor crianças nas redes sociais: imagens 'inocentes' podem atrair abusadores Delegacia de Defesa da Mulher de Indaiatuba (SP) Gustavo Biano/EPTV VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas