Congresso Científico coloca o Piauí na agenda nacional de regularização fundiária
Congresso científico do Interpi. João Allbert A abertura do I Congresso Científico do Interpi (Cinterpi) lotou o auditório do Centro de Tecnologia da Univer...
Congresso científico do Interpi. João Allbert A abertura do I Congresso Científico do Interpi (Cinterpi) lotou o auditório do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina, consolidando o evento realizado pelo Instituto de Terras do Piauí (Interpi) como um marco institucional para o estado. O momento contou com a participação de pesquisadores, gestores públicos, representantes de movimentos sociais, estudantes e especialistas ligados à regularização fundiária, geotecnologias, agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais e políticas públicas de desenvolvimento territorial. Na ocasião, o diretor-geral do Interpi, Rodrigo Cavalcante, destacou que o congresso representa um novo ciclo para o estado ao reunir ciência, gestão pública e prática de campo em um único espaço. Ele afirmou que o objetivo do Cinterpi é consolidar um ambiente permanente de produção de conhecimento que fortaleça a política fundiária e amplie seu impacto social. “O Cinterpi inaugura um novo momento para o estado. Estamos reunindo academia, gestão pública e sociedade para construir conhecimento que fortalece a política fundiária. O Piauí avança quando produz ciência e quando compartilha experiências que melhoram a vida das famílias rurais”, declarou o diretor-geral. Interpi gera efeitos concretos para população rural do estado O secretário de Planejamento, Washington Bonfim, também ressaltou a relevância do trabalho desenvolvido pela autarquia. Ele afirmou que o Interpi vem se destacando pelo avanço técnico alcançado nos últimos anos, o que tem gerado efeitos concretos tanto para a população rural quanto para a posição institucional do Piauí em âmbito nacional e internacional. Segundo Bonfim, esse reconhecimento ficou evidente nas apresentações feitas em países como Estados Unidos e Portugal. “O Interpi tem se destacado pelo aprendizado técnico, e isso tem produzido muitos ganhos, não apenas para a população rural, mas também no cenário nacional e internacional. O Piauí já esteve em Washington, já estivemos em Portugal, sempre chamados para apresentar a experiência do Piauí em regularização fundiária”, afirmou o secretário, destacando ainda que esse movimento é resultado direto da decisão do governador Rafael Fonteles de priorizar a regularização fundiária como política estratégica do estado. A programação teve início com a palestra magna ministrada pelo professor doutor, Fonseca Neto, intitulada “Regularização Fundiária como Alicerce ao Desenvolvimento Sustentável”. Em sua exposição, o professor recuperou aspectos centrais da história fundiária do Piauí, resgatando a formação territorial do estado, a forma como as terras foram demarcadas e a luta de gerações de piauienses para defender seus territórios. Fonseca contextualizou os conflitos envolvendo Ceará, Pernambuco e Maranhão ao longo dos séculos, mostrando como a disputa por limites moldou a identidade territorial piauiense e fundamenta os desafios contemporâneos da regularização. Na sequência, o primeiro painel do congresso promoveu uma discussão aprofundada sobre Perspectivas Jurídicas para a Regularização Fundiária no Piauí, reunindo o advogado Rodrigo Pontes, o procurador do Interpi, Fagner José, e o consultor jurídico da Corregedoria do Foro Extrajudicial do Tribunal de Justiça do Piauí, Danilo Luz. O debate abordou desafios normativos, a importância da segurança jurídica e a necessidade de modernização dos procedimentos para garantir mais eficiência e transparência às ações de titulação. O segundo painel tratou de Desenvolvimento Social, Agricultura Familiar e Povos e Comunidades Tradicionais, reunindo Kalil Luz, da Articulação em Rede Piauiense de Agroecologia (ArREPIA); Assunção Aguiar, Superintendente de Promoção da Igualdade Racial e Povos Originários da Sasc; e o agrônomo José Lima. A discussão destacou a regularização fundiária como ferramenta essencial para garantir direitos territoriais, fortalecer a agricultura familiar, promover práticas sustentáveis e ampliar o acesso das comunidades a políticas públicas. Exposição comemora 45 anos do Interpi Congresso foi realizado na UFPI. João Allbert Além das atividades científicas, o congresso também apresentou uma Exposição Especial em comemoração aos 45 anos do Interpi, oferecendo ao público um panorama histórico da atuação da autarquia. A mostra reuniu parte dos aparelhos utilizados em campo ao longo das décadas, permitindo visualizar a evolução tecnológica das práticas de medição e georreferenciamento. Também integrou a exposição uma linha do tempo histórica, com fatos marcantes dos 45 anos do órgão e fotografias que registram momentos decisivos da política fundiária piauiense, todas organizadas e curadas pelo historiador e analista do Interpi, Cássio Borges. A linha do tempo incluiu ainda a relação completa de ex-presidentes e ex-diretores-gerais da instituição, além da carta enviada pelo governador Lucídio Portela à Assembleia Legislativa, documento que criou oficialmente a autarquia e marcou o início de sua trajetória na estrutura administrativa do estado. O primeiro dia do Cinterpi foi marcado por grande participação e por debates, evidenciando o crescente interesse acadêmico, institucional e social pela política fundiária do Piauí. O congresso segue nesta terça-feira (3), no auditório do Centro de Tecnologia da UFPI, com uma programação que reúne discussões sobre financiamento de projetos de regularização fundiária, economia e meio ambiente, e o papel da tecnologia e da gestão na modernização das políticas territoriais. O congresso encerra suas atividades com a premiação dos seis trabalhos de destaque apresentados no evento e com a entrega de reconhecimentos a personalidades importantes na trajetória de 45 anos do Interpi, marcando a celebração institucional do órgão e seu papel histórico na política fundiária do estado.