No Paraná e em São Paulo, Biotravessia alerta para os impactos das mudanças climáticas
Biotravessia busca entender a natureza como um sistema todo interligado, das montanhas aos rios Crédito: Divulgação A jornada da Biotravessia continua em ter...
Biotravessia busca entender a natureza como um sistema todo interligado, das montanhas aos rios Crédito: Divulgação A jornada da Biotravessia continua em território paranaense. A expedição atravessa a exuberante Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta, onde cada trecho de floresta, rio ou restinga guarda histórias de resistência e alerta. Antes de deixar o litoral, a equipe faz uma parada em Guaratuba, para lembrar um caso emblemático dos efeitos das mudanças climáticas: o drama do bicudinho-do-brejo, uma pequena ave que se tornou símbolo da vulnerabilidade da fauna diante das transformações do clima. Encontrado apenas no Sul do Brasil, o bicudinho-do-brejo está em risco de extinção. Estudos indicam que, em meados da década de 1990, havia cerca de 900 indivíduos. Hoje, a espécie enfrenta um futuro incerto. As mudanças climáticas têm afetado diretamente o seu ciclo de vida. Vendavais, marés mais altas e o aumento gradual das temperaturas comprometem o sucesso reprodutivo dessas aves e reduzem o espaço de habitat disponível. Em meio à vegetação alagada e delicada dos brejos litorâneos, o equilíbrio que sustenta essa espécie está cada vez mais difícil de ser mantido. Mas a Biotravessia não se limita à observação da fauna. O projeto busca compreender a natureza como um sistema integrado, onde tudo está interligado — das montanhas aos rios. Mudanças climáticas têm afetado o ciclo de vida do bicudinho-do-brejo, que corre risco de extinção Crédito: Divulgação Águas poluídas E, quando se fala em rios, o alerta também é grave. Já em território paulista, a equipe percorre 22 pontos distintos do Rio Piracicaba, alternando trechos terrestres e embarcados, para avaliar a qualidade das águas e o estado de conservação dos afluentes. Um dos que mais preocupam os pesquisadores é o Ribeirão Quilombo, onde os índices de contaminação atingiram níveis alarmantes – está 2.420% acima do máximo permitido para coliformes. Segundo os dados coletados, o curso d’água ultrapassa em cem vezes o limite tolerável de coliformes fecais, transformando-se em um ribeirão praticamente morto. Segundo os técnicos, é esgoto puro sendo despejado in natura. Recuperar a vida do lugar levará anos, exigindo esforços contínuos e políticas públicas eficazes. O diagnóstico ambiental da bacia do Piracicaba realizado pela expedição tem como objetivo reunir informações que sirvam de base para decisões de gestão e conservação do rio. A participação do Ministério Público Estadual, do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e de instituições privadas, com a Mérieux NutriSciences, empresa de análises microbiológicas, reforça a importância da atuação conjunta para a execução do projeto. Três expedições já foram realizadas, das quatro previstas para este ano. Mais de 2 mil parâmetros são analisados pela Mérieux em cada uma delas. Os resultados são entregues ao Ministério Público. Cada análise, cada coleta e cada relato se somam a um retrato abrangente da realidade dos ecossistemas brasileiros — que revela contrastes intensos: paisagens de beleza incontestável convivendo com áreas degradadas pela poluição e pelo despejo inadequado de resíduos. Clique aqui para ver os resultados das análises das duas primeiras expedições. Cada paisagem percorrida traz um mesmo chamado: é preciso agir agora. A resistência da natureza também é, muitas vezes, um pedido de socorro. A degradação dos ambientes naturais ameaça não apenas as espécies que neles habitam, mas também a qualidade de vida humana, a segurança hídrica e o equilíbrio climático. Cuidar da natureza é, em última instância, cuidar de nós mesmos. “O momento é crítico. O Rio Piracicaba pede socorro. Se nada for feito agora, corremos o risco real de que a população deixe de receber água do rio para atividades básicas do dia a dia. Por isso, o Ministério Público, os Comitês PCJ e todos os órgãos de gestão hídrica precisam — mais do que nunca — do apoio da sociedade e da classe política. A população precisa caminhar junto conosco, cobrando uma governança mais eficiente, transparente e comprometida com a recuperação dos recursos hídricos da bacia. O que está em jogo não é apenas o futuro do rio, mas a segurança hídrica de toda a região. Somente a união entre ciência, poder público e participação social será capaz de evitar uma crise hídrica sem precedentes”, afirma Alexandre Resende, Diretor de Sustentabilidade & ESG da BluestOne, Diretor Executivo da Fundação Lymington e Membro da Comissão Técnica do Diagnóstico Ambiental da Bacia do Rio Piracicaba, ao lado da Associação Remo Piracicaba, Instituto Cerrado do Brasil (ICB) e Econatur. Próximo destino Com o encerramento desta etapa, a equipe continua no Estado de São Paulo, onde novas histórias e desafios aguardam. Em Águas de São Pedro, o projeto vai mostrar um movimento que busca reconectar as pessoas à natureza por meio de práticas simples, como a observação de aves e a educação ambiental. São atividades que aproximam o público da biodiversidade e despertam o sentimento de pertencimento — um passo essencial para promover uma relação mais equilibrada com o meio ambiente. A Biotravessia segue, portanto, como um roteiro de descobertas, de conscientização e de esperança. A cada quilômetro percorrido, o projeto reforça a mensagem de que a transformação começa no olhar e na atitude de cada um. Porque proteger os rios, as florestas e os animais é garantir o futuro de todos os seres que compartilham esta mesma casa chamada Terra. Mais de dois mil parâmetros ambientais são realizados a cada expedição pela bacia do Rio Piracicaba Crédito: Divulgação SERVIÇO: BluestOne Brasil Endereço: Rodovia Cornélio Pires (SP-127), km 51 – CEP: 13440-970 – Saltinho-SP E-mail: contato@bluest.one No Paraná e em São Paulo, Biotravessia alerta para os impactos das mudanças climáticas - Crédito: Divulgção