Novas versões de rascunhos de textos da COP30 são publicadas
Reunião de negociadores da COP30 entrou pela noite, no último dia oficial da Conferência Novas versões de rascunhos dos textos finais da COP30 foram publica...
Reunião de negociadores da COP30 entrou pela noite, no último dia oficial da Conferência Novas versões de rascunhos dos textos finais da COP30 foram publicados na manhã deste sábado (22). A divulgação acontece horas antes das plenárias que devem marcar o fim da conferência, que deve acontecer a partir das 11h. Originalmente, a COP30 estava prevista para acabar na sexta-feira (21). Entretanto, adiamentos são considerados comuns nas conferências do clima. As discussões sobre temas ainda sem consenso avançaram a madrugada e as negociações foram encerradas somente na manhã de sábado, pouco depois das 8h. O texto final só é oficializado se todos os mais de 190 países participantes concordarem com a íntegra do conteúdo. Em declaração ao site Amazon Vox nos corredores da Blue Zone, o presidente da COP, André Corrêa do Lago, afirmou nesta manhã que o chamado "mapa do caminho" para o fim do uso dos combustíveis fósseis não será incorporado aos textos finais da Conferência do Clima. "Roadmap nós vamos anunciar, roadmap vai ser uma iniciativa da presidência brasileira. [...] Não fica no texto", afirmou André Corrêa do Lago. Destaques dos rascunhos finais Após horas de discussão e negociação na madrugada, os novos rascunhos definem pontos que ficaram pendentes nas versões anteriores. Veja abaixo os principais destaques dos textos que serão levados à plenária: Fundo de adaptação A nova versão divulgada especifica o valor dos compromissos financeiros firmados para 2025, item que aparecia sem cifras fixadas no rascunho anterior. "Acolhe com satisfação as promessas de financiamento feitas para o Fundo de Adaptação, com a meta de mobilização de recursos de USD 300 milhões para 2025 [...], equivalente a USD 134,93 milhões, e agradece aos contribuintes que fizeram promessas plurianuais ao Fundo de Adaptação", descreve a versão final. Mitigação Dentro do "Sharm el-Sheikh Mitigation Ambition and Implementation Work Programme (MWP)", o texto não teve alterações em comparação com o rascunho anterior. A decisão mantém o programa de mitigação funcionando até 2026 e reforça ações práticas em florestas e resíduos, com mais eventos, cooperação e apoio financeiro. O texto não cria novas metas, mas organiza o trabalho para que países troquem soluções e prepararem uma decisão maior na COP31. Perdas e danos A nova versão faz um detalhamento mais preciso dos compromissos financeiros dos países doadores e, assim como no caso do Fundo de Adaptação, define um valor especificado para as promessas. "Acolhe com satisfação as promessas de financiamento feitas ao Fundo pelos Governos da Islândia, Japão, Letônia, Luxemburgo e Espanha, e pelo governo da Região Valona da Bélgica, que [...] totalizam o equivalente a USD 817,01 milhões", descreve. Gênero Sobre o texto que se refere a gênero, as alterações foram muito sutis. Não há trechos com diferenças literais em relação ao texto divulgado anteriormente. Houve somente uma reorganização, detalhamento e expansão do conteúdo, especialmente nas tabelas de atividades, responsabilidades e prazos. Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) A decisão da COP30 sobre o GEF reconhece avanços e simplificações no fundo, mas alerta para possível queda de recursos no próximo ciclo. O texto cobra apoio contínuo a países em desenvolvimento, aceleração de processos, ampliação de agências em regiões pouco atendidas e novas contribuições aos fundos dos países mais vulneráveis. Também reforça salvaguardas e participação efetiva de povos indígenas. O que está em jogo? Negociadores e ministros do meio ambiente estão em Belém para buscar acordos que ajudem o mundo a enfrentar a crise do clima; Estão em negociação desde dinheiro para países se adaptarem às mudanças climáticas até medidas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa; Um conjunto de textos com o rascunho das decisões foi divulgado na sexta; ele foi considerado "fraco", com "furos inaceitáveis" e uma "traição à ciência". Entre outros pontos, na versão divulgada na sexta, não havia menção aos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), que são a causa do aquecimento do planeta. Criar um roteiro (mapa do caminho) para o fim do uso dessas fontes de energia virou um dos temas centrais da conferência, apesar de o tema não constar explicitamente nos documentos preparatórios e na agenda da COP30. Além do “mapa do caminho”, os países continuam divididos sobre como financiar a adaptação climática. Falta acordo sobre valores, fontes de recursos e regras de distribuição para apoiar as nações mais vulneráveis. COP30: rascunho de acordo é criticado por não citar redução de combustíveis fósseis nem origem de financiamento a países pobres Jornal Nacional/ Reprodução União Europeia: cobrança e bloqueio A União Europeia sinalizou na sexta-feira (21) que pode bloquear o acordo final. O bloco dos países europeus cobra alterações nos documentos com os rascunhos de acordos que foram divulgados nesta madrugada. Por sua vez, nos bastidores, organizações que acompanham os debates afirmam que a União Europeia dificulta as negociações em outra frente: mostra resistência em ampliar recursos para o enfrentamento da crise do clima. o comissário europeu de Clima, Wopke Hoekstra, afirmou numa reunião fechada que o novo texto da conferência “não tem ciência, não tem transição e mostra fraqueza”. "Então, vou ser igualmente claro. Em nenhuma circunstância nós vamos aceitar isso. E nada que chegue sequer perto disso — e digo isso com dor no coração — nada que se aproxime do que está na mesa agora", disse Hoekstra. Ação de produtores de petróleo e silêncio da China Por outro lado, entidades que acompanham as negociações apontam que há um movimento do bloco de países chamado LMDC (Like-Minded Developing Countries) contra qualquer menção ao uso do termo combustíveis fósseis no texto. O movimento é liderado sobretudo pela Arábia Saudita e Índia, mas conta com o silêncio da China no tema. Ainda fazem parte do grupo: Argélia, Bangladesh, Egito, Indonésia, Irã, Malásia, Paquistão, Filipinas, Sri Lanka, Sudão, Síria, Vietnã e Cuba. Participação em Belém A COP30 em Belém reuniu mais de 42 mil participantes de 195 países na Blue Zone, segundo dados preliminares do Ministério do Turismo e da Polícia Federal coletados entre 10 e 20 de novembro. O governo federal afirma que esta foi a segunda maior edição da história em público, atrás apenas da conferência realizada em Dubai. Próximas conferências: Turquia e Etiópia Um das decisões já divulgadas é sobre onde serão as próximas conferências: ficou definido que a Turquia será a sede da COP31 (2026) e a, Etiópia, sede da COP32 (2027).