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PM suspeito de comandar esquema de agiotagem e tortura usava redes sociais para destacar fé: 'Deus à frente, abrindo portas'

O sargento Póvoa costumava publicar em seu perfil do Instagram imagens acompanhadas de textos com mensagens de fé, fazendo referência a Deus Reprodução/ In...

PM suspeito de comandar esquema de agiotagem e tortura usava redes sociais para destacar fé: 'Deus à frente, abrindo portas'
PM suspeito de comandar esquema de agiotagem e tortura usava redes sociais para destacar fé: 'Deus à frente, abrindo portas' (Foto: Reprodução)

O sargento Póvoa costumava publicar em seu perfil do Instagram imagens acompanhadas de textos com mensagens de fé, fazendo referência a Deus Reprodução/ Instagram do sargento Mike Póvoa O sargento da Polícia Militar Herbert Francisco Póvoa, conhecido como Mike Póvoa, suspeito de comandar um esquema de agiotagem e tortura em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, costumava usar seu perfil no Instagram para publicar mensagens de fé. Em um dos textos, ao comemorar a conclusão de um curso de aperfeiçoamento na corporação, Póvoa escreveu que nada teria acontecido "sem Deus à frente, abrindo portas". "Meu conselho para você, hoje, é: 'Não desista. Não pare de crer porque Deus não coloca sonhos em seu coração se não for para realizá-los'", disse o sargento, na postagem feita em setembro deste ano. ✅ Clique aqui e siga o perfil do g1 Goiás no WhatsApp Os textos com as mensagens espirituais frequentemente acompanhavam fotos nas quais ele aparece fardado ou acompanhado da família: sua esposa, a advogada Tatiane Meireles, e o casal de filhos. Assim como o marido, Tatiane também está presa, suspeita de dividir o comando do grupo com Póvoa. Ao g1, a defesa de Tatiane informou que dados sigilosos, imagens, conversas e informações pessoais da cliente foram indevidamente divulgados ao público (leia a íntegra da nota ao final da reportagem). O g1 não conseguiu o contato da defesa de Póvoa até a última atualização desta reportagem. LEIA TAMBÉM Taco de beisebol, arma na cabeça e espancamento: veja como agiam advogada, PMs e empresários em esquema de tortura e agiotagem Advogada suspeita de tortura, extorsão e agiotagem foi presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB Entenda o caso da advogada e dos PMs presos suspeitos de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro A advogada também costumava demonstrar a sua fé. Em um vídeo descoberto pela Polícia Civil, ela aparece orando sobre maços de dinheiro. Na gravação, Tatiane agradece pela "prosperidade". "Agradecemos, senhor, pela prosperidade que reina nesse lar. Te pedimos, ó pai amado, que cada pessoa que receber esse dinheiro, que ela tenha gratidão", disse. Nem Póvoa nem Tatiane declararam publicamente, no Instagram, qual religião seguem. No Threads, outra rede social da Meta, a advogada postou, em julho do ano passado, uma brincadeira em que revelava várias informações pessoais. Ao responder sobre religião, ela se definiu como "espiritualista". O sargento da Polícia Militar Mike Póvoa postava fotos com a família e imagens com mensagens demonstrando sua fé Reprodução/ Perfil do Instagram de Mike Póvoa Músicas gospel Em uma postagem de agosto, Póvoa publicou uma foto em frente a um helicóptero da Polícia Militar, dizendo "Deus sabe e sonda o meu coração. Por isso, me honra desde quando vim ao mundo". A imagem foi divulgada acompanhada da música "Ninguém explica Deus", do grupo "Preto no Branco", muito conhecida no meio gospel. O sargento costumava, ainda, destacar o quanto ele se diferenciava em relação aos próprios frequentadores de igreja. Em um texto publicado em maio, ele afirmou que "nem todo santo veste terno. Nem todo justo anda engravatado". A frase foi seguida de reflexões relacionadas à sua aparência e modo de vestir, incluindo o fato de ele ter várias tatuagens. "Meu estilo não apaga a minha fé. Minhas tatuagens não cobrem minha verdade". Em seguida, completou: "O que me define não é a aparência, mas as minhas escolhas e atitudes diante Dele", disse, referindo-se a Deus. Entenda o caso O sargento Póvoa e a sua esposa foram presos pela Polícia Civil no final de novembro, durante a Operação "Mão de Ferro". As investigações mostraram que o casal e mais cinco pessoas agiam de forma violenta e organizada. Testemunhas relataram às autoridades terem sido intimidadas com uso de armas, ameaças e até agressões físicas. As vítimas contaram que viviam com medo constante e sofrerem pressão psicológica. Entre os métodos de ameaça e tortura contra as pessoas que tinham dívidas com eles estavam agressões com taco de beisebol e o uso de armas apontadas para as cabeças das vítimas, como revelaram vídeos obtidos pela polícia. Segundo a polícia, os investigados devem responder pelos crimes de de organização criminosa, usura (agiotagem), extorsão e lavagem de dinheiro. Leia a íntegra da nota da defesa de Tatiane Meireles: "A defesa da Dra. Tatiane Meireles vem a público reafirmar seu compromisso com a Constituição Federal, o devido processo legal e o respeito às decisões judiciais proferidas no curso da investigação criminal em andamento. Embora informações estejam sendo veiculadas de forma ampla pela imprensa, cumpre esclarecer que o Juízo da 2ª Vara das Garantias da Comarca de Goiânia determinou expressamente o sigilo absoluto sobre todas as diligências e provas colhidas, bem como a manutenção da anonimização da identidade dos investigados, a fim de garantir a lisura e a imparcialidade da apuração. O modelo de Juiz de Garantias, previsto no artigo 3º-B do Código de Processo Penal, tem como função precípua resguardar os direitos fundamentais do investigado na fase pré-processual, assegurando que eventuais medidas cautelares, como prisões e buscas, sejam apreciadas de forma imparcial, técnica e apartada da fase acusatória. As determinações emanadas do Juízo das Garantias não representam recomendações discricionárias, mas ordens judiciais vinculantes, cuja observância é imperativa por todos os órgãos responsáveis pela persecução penal. O seu descumprimento, especialmente em sede de medidas sigilosas, compromete não apenas a validade da prova, mas também a integridade do sistema de justiça. Ao contrário do que foi determinado judicialmente, dados sigilosos, imagens, conversas e informações pessoais da Dra. Tatiane Meireles foram indevidamente divulgados ao público, em frontal descumprimento à ordem judicial, o que pode configurar grave violação ao ordenamento jurídico vigente, além de comprometer o direito à ampla defesa e à presunção de inocência. A defesa técnica informa que não contribuirá para que a lisura do processo seja comprometida por juízos precipitados, pressões externas ou contaminações indevidas do ambiente processual. Atuaremos com firmeza, responsabilidade e respeito ao rito legal, reiterando total confiança na Justiça e na preservação das garantias constitucionais. Cientes de que as investigações ainda estão em curso e não se trata de ação penal em andamento, reiteramos que todas as imputações serão devidamente enfrentadas no foro adequado, com base em provas lícitas, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa." VEJA TAMBÉM | Advogada presa em operação por envolvimento em esquema de agiotagem ora sobre dinheiro Advogada presa em operação por envolvimento em esquema de agiotagem ora sobre dinheiro 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás.